Esse assunto (e altas vertentes dele) ainda vão render muito por aqui.
"Poucos desses teóricos vêm até o local para ver o que está acontecendo. Todo o debate sobre como devemos chamar o problema é irrelevante. O ponto crucial é: crianças estão sendo escravizadas."
Esse é um pequeno trecho do livro Metade do Céu (de Nicholas D. Kristof e Sheryl Wudunn - Editora Novo Século) e na tarde de hoje essa frase saltou aos meus olhos.
Fala sobre teoria, sobre distanciamento, sobre discussões tolas, sobre falta de relevância e o principal... Sobre o fato de que hoje, existe um número maior de pessoas escravizadas (algo em torno de 27 milhões de pessoas), do que houve no passado durante os séculos em que durou a escravidão de negros africanos.
Estranho pensar que existe no mundo pessoas que vivem como propriedade de alguém, como um objeto, uma roupa ou um móvel. A diferença é que os proprietários utilizam sua "mercadoria" que em muitos casos pode ser uma menina cambojana, ou indiana ou até mesmo brasileira, para ganhar dinheiro satisfazendo os clientes que pagam para ter seus desejos sexuais satisfeitos.
Em Belo Horizonte, em apoio a projetos de missionários amigos nossos, tivemos contato com locais onde qualquer pessoa poderia comprar um program com uma mulher (de sua escolha) por até R$ 2,00.
No nosso gueto cristão, dentro das igrejas confortáveis, frequentadas por famílias felizes, saudáveis e bem sucedidas, ainda ouvimos frases do tipo:
"...é prostituta por que quer"
"...se fosse mesmo honesta ganharia a vida de outra forma"
"...escravidão? Isso é coisa do passado"
Já ouvi relatos de prostitutas que estavam decididas a deixar a vida de prostituição e ao ser convidada a frequentar determinada igreja sofreu a rejeição e o peso do preconceito. Afinal de contas ninguém quer cultuar a Deus ao lado de uma prostituta, nem que seu marido encontre com uma mulher da vida quando for beber água.
Como mulher posso garantir que nenhuma moça, aos 12 anos de idade sonha em crescer e virar prostituta, tenha certeza de que as mais diversas razões a levaram para essa vida... E isso deve ser observado.
Existem pesquisas que apontam para algo em torno de 3 milhões de mulheres e moças em todo o mundo que podem ser consideradas escravas do comércio sexual.
Precisamos acordar para essa realidade.
Daí você vira e me pergunta: "Ok! Mas o que eu poderia fazer?"
Existe uma série de ações que podem ser tomadas.
1. Conhecer e Falar do assunto: precisamos trazer o assunto a tona, na sua escola, comunidade, família, célula, classe de escola dominical. A escravidão e a exploração sexual precisam ser assunto em pauta... Caso contrário, esqueceremos ou deixaremos essa realidade de lado.
2. Conscientizar: o número de meninas que são enganadas com promessas de empregos, vida melhor, possibilidade de enviar dinheiro para a família, etc ainda é assustadora. É preciso trazer esses diálogos a tona e prevenir que meninas e meninos sejam enganadas com falsas promessas e mentiras. Muitas vezes a própria família empurra as meninas e meninos para esse tipo de cilada.
3. Estar atento: existe o fator internet que tem sido grande parceira de aliciadores, pedófilos e todo tipo de pessoas mal intencionadas que agem sem escrúpulos para roubar a inocência de crianças e adolescentes. Existem pais que não fazem a mínima ideia do que seus filhos adolescentes fazem na internet. Ouvi relatos de uma adolescente que adicionou um perfil ao seu facebook e eles começaram a trocar mensagens. O cara começou a pedir a ela que ligasse a câmera e pedir que ela fizesse várias coisas como dançar, tirar a blusa e por aí vai. Precisamos estar ligados.
Sem contar o número assustador de homens, rapazes e até meninos em busca de pornografia gratuita na internet. Existem relatos de pastores viciados em pornografia.
Isso tem absolutamente tudo a ver com a rede de exploração sexual.
Essa causa é minha. Decidi lutar com as armas que eu tenho. Não vou invadir bordéis, nem desfazer esquemas de tráfico de pessoas. O que temos feito é falar sobre isso e despertar pessoas a estarem conectados a essa realidade, seja atuando direta ou indiretamente, seja financiando projetos, participando de conferências sobre o assunto, dando palestras em escolas, entre outras tantas ações possíveis.
"Porque as armas da nossa milícia não são carnais,
mas sim poderosas em Deus para destruição de fortalezas;"
2 Coríntios 10:4